Nanã

Nanã, Nanã Buruku ou Anamburucu é a mais velha Orixá e, sem dúvida alguma, uma das mais temerosas. Ela é a divindade da lama, além de ser a responsável pela passagem entre a vida e a morte, limpando a mente das almas desencarnadas, para que elas possam reencarnar livremente, sem quaisquer amarras com a vida anterior.

Quase todos os Orixás veem Nanã como uma mãe, até mesmo aqueles que não são seus filhos legítimos; os seus descendentes autênticos são: Ewá, Irokô, Omolú/Obalauê, Ossain e Oxumaré.

Nanã Burukú
Nanã Burukú

História de Nanã

Há diversas lendas sobre Nanã. Destas, uma das principais é a que conta que a divindade era uma poderosíssima soberana que assimilava os mistérios da morte.

Este conhecimento despertou o interesse de Oxalá, que então se casou com Nanã Burukú . Por não haver amor na relação dos dois, o Orixá fez um feitiço para que Nanã conseguisse engravidar, algo que funcionou, mas que fez com que o filho deles nascesse com a pele recoberta de pústulas.

A Orixá, ao ver o menino, repudiou-o, abandonando-o à morte. Este ato fez com que a deusa fosse condenada, por Oxalá, a ter outras crianças com anomalias e a morar nos pântanos escuros.

Qualidades

Nanã Burukú possui várias qualidades, das quais, as principais serão enumeradas logo em seguida:

  • Adjaoci: utiliza vestes azuis; descendente de Ifê; mora em águas doces;
  • Ajapá: mora nos pântanos; senhora da morte, da lama e da terra; padroeira dos moribundos;
  • Buruku: senhora da terra e do dinheiro; descendente de Abomey; sempre tem consigo um ibiri azul.
  • Obaia: utiliza vestes lilás e contas de cristal; descendente de Baribae; senhora da lama e da água;
  • Omilaré: utiliza vestes de musgo e cristal; é a representação mais velha; esposa de Oxalá; senhora dos pântanos e do fogo;
  • Oporá: utiliza sempre òsun vermelho; descendente de Ketu;
  • Savé: utiliza vestes azuis e brancas e uma coroa feita de búzios;
  • Xalá: caminha com Oxalá;
  • Ybain: utiliza vestes vermelhas; senhora da varíola;

Características de Nanã

Os filhos de Nanã Burukú, apesar de descenderem de uma Orixá impetuosa e vingativa, são calmos, pouco impulsivos e extremamente gentis; aliás, exatamente por estas características, esses indivíduos propendem a ter muita habilidade com crianças. Também fazem parte da personalidade desses indivíduos o saudosismo, a teimosia, o rancor, a sapiência e um excelente senso de justiça.

Candomblé e Igreja Católica

Para o sincretismo de Nanã, que é a Orixá mais antiga, foi escolhida a Santa Ana, avó de Jesus Cristo. Isto porque as duas entidades representam a criação divina e o poder da essência feminina.

Nanã na Umbanda

Tanto a Umbanda, quanto o Candomblé, veneram intensa e respeitosamente Nanã – até porque ninguém quer despertar a ira da Orixá –, não existindo diferenças significativas entre as formas de como ela é vista e cultuada pelas duas religiões.

Oferendas

As principais oferendas destinadas à ela são a jacá e o sarapatel.

É importantíssimo evidenciar que os sacrifícios feitos em prol de Nanã não devem ser realizados com metal, pois a divindade não aceita que Oxum, o Orixá manipulador do ferro, seja o deus mais vital para a humanidade e matar animais para ela com esse minério seria tido pela deusa como uma ofensa.

  1. Sarapatel:

Para fazer o sarapatel, necessita-se de: miúdos de porco, limão, salsa, coentro, pimenta do reino, cominho, cebolinha e folha de louro.

Tendo os ingredientes em mãos, primeiramente é preciso limpar e picar os miúdos, lavá-los com bastante suco de limão e colocá-los para cozer. Feito isto, deve-se preparar um tempero com cebolinha, coentro, cominho, folha de louro, limão, pimenta e salsa. Por fim, basta misturar o tempero aos miúdos e terminar de cozer o prato.

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Dona Lúcia, nascida em uma cidade do interior, é uma devota apaixonada que escreve sobre santos e orações. Sua fé inabalável e sabedoria acumulada ao longo dos anos inspiram aqueles que buscam conforto e orientação espiritual em suas palavras.

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