Logun Edé

Logun Edé ou Logunedé é, tanto para os umbandistas, quanto para os candomblecistas, a divindade da pesca e da caça.

Esse Orixá é popularmente conhecido pela sua extrema beleza e também pela sua personalidade contraditória, a qual é marcada por ser ora afável, ora sisuda.

Logun Edé
Logun Edé

Veja também sobre o Obaluaê.

História de Logun Edé

  • Nascimento:

Embora Oxóssi e Oxum – pais de Logun Edé – se amassem, eles não chegaram a viver juntos, já que ambos tinham interesses e gostos bastante distintos.

Assim, quando Oxóssi soube que Oxum engravidara, ele pediu a Orixá que o deixasse cuidar do filho deles, para tivesse a possibilidade de ensiná-lo a ser um exímio caçador e guerreiro. Oxum, porém, negou essa proposta, pois se via inapta a viver longe de sua criança; no lugar disso, ela propôs outra opção, que foi a que prevaleceu: Logun Edé viveria metade do ano com a mãe e a outra metade com o pai.

  • Separação:

Oxum tinha uma grande desavença com Obá – divindade das águas profundas e irrequietas. Então, temerosa, Oxum proibiu Logun Edé ir até a profundeza de rios, lagos e mares, pois ela sabia que Obá faria mal a sua criança.

No entanto, Logun Edé sempre foi muito arteiro e, em uma de suas travessuras, ele aproveitou-se da distração de Oxum e a desobedeceu, adentrando nas profundezas de um rio. Obá, ao perceber que a criança estava em seus domínios, agitou as águas para que o menino se afogasse. Oxum, sem muito que pudesse fazer, suplicou pelo auxílio de Olorum, que salvou a criança e, sem avisar Oxum – que supôs a morte de seu filho – entregou-a a Iansã.

Logun Edé, então, começou a permanecer seis meses com Iansã e seu esposo Ogum e seis meses com Oxóssi, que nunca falou de Oxum para o filho, o que fez com que o Orixá, enquanto crescia, perdesse as lembranças que tinha de sua mãe.

  • Reencontro:

Logun Edé sempre teve uma vaga lembrança de um rio e, em certo dia, ele resolveu procurá-lo. Ao chegar ao local, ele se deparou com uma belíssima mulher e, estarrecido com a sua beleza, resolveu se esconder atrás da vegetação para observá-la. A mulher, porém, era Oxum; ao perceber que estava sendo observada, ela resolveu descobrir quem era o seu observador, imediatamente o reconhecendo como o seu filho. Emocionada, contou tudo o que tinha ocorrido com ele e o motivo deles terem se separado.

Apesar da vontade de ambos, Logun Edé não podia mais morar com Oxum, pois ela havia se casado com Xangô, que não admite que as suas esposas convivam com outro homem. Assim sendo, mãe e filho passaram a encontrar-se apenas às escondidas.

Qualidades de Logun Edé

Logun Edé é o único Orixá que não possui qualidades, sendo capaz de se converter no que quiser. Isto se deve ao fato da divindade acumular três energias distintas em si: a dele próprio, a de Oxóssi e a de Oxum.

Características dos filhos de Logun Edé

Os filhos de Logun Edé são marcados pela personalidade supérflua e indecisa, o que se deve ao fato das características de Oxóssi e Oxum estarem também presentes nessas pessoas, mas de maneira leviana. Ademais, esses indivíduos são propensos à arrogância e à soberbidade, principalmente quando não admitem os seus próprios defeitos. Porém, em contrapartida a esses aspectos, os filhos desse Orixá tendem a ser bastante sensuais, magnéticos e agradáveis, além de muito bonitos fisicamente

Candomblé e Igreja Católica

Como a narrativa de Logun Edé é envolta em mistérios e segredos, ele foi sincretizado ao Santo Expedito, o qual é caracterizado por ser uma das figuras católicas que mais tem fatos desconhecidos sobre a sua história e os seus feitios.

Logun Edé na Umbanda

O Logun Edé cultuado no Candomblé não difere daquele que é idolatrado pela Umbanda, sendo pouquíssimas e irrelevantes as diferenças quanto a esse Orixá para as duas religiões.

Oferendas ao Logun Edé

Os alimentos normalmente oferecidos ao Orixá são o axoxó e o omolukun; veja o modo de preparo destas iguarias logo abaixo.

  • Axoxó:

Para o axoxó, necessita-se de 400 gramas de camarão, 04 cebolas grandes, 06 ovos, 01 quilo de feijão fradinho, 01 quilo de milho vermelho, 01 coco, 500 mililitros de azeite de dendê e sal a gosto.

Primeiramente, em recipientes diferentes, é preciso: cozer o feijão; cozer o milho; cozer os ovos; refogar o camarão com cebola e sal no azeite. Feito isto, é necessário acrescentar o feijão à mistura refogada e adicionar, aos poucos, mais azeite para que os ingredientes se misturem bem. Depois de pronta, essa mistura deve ser colocada no lado esquerdo de um alguidar, enquanto o lado direito deve ser preenchido com o milho vermelho cozido e frio. Por fim, devem-se pôr os ovos – descascados e com a parte pontuda para baixo – em cima do feijão e do camarão, enquanto o coco deve ser posto, de maneira uniforme, sobre o milho.

  • Omolukun:

Já para o Omolukun, são fundamentais os seguintes ingredientes: 500 gramas de feijão fradinho, 500 gramas de milho, 04 ovos, 01 cebola, azeite de oliva e lascas de coco.

Antes de tudo, é preciso cozer, com água, o feijão, a cebola picada e o azeite. Feito isto, tem que se fazer um purê com o feijão e colocá-lo no lado esquerdo de um alguidar; o lado direito, por sua vez, deve ser preenchido com o milho – o qual deve ser cozido antes de disposto no recipiente. Por fim, devem ser postos os 04 ovos – devidamente cozidos e descascados – sobre o feijão, de maneira que a parte mais afunilada fique voltada para baixo; em cima do milho, as lascas de coco devem ser colocadas uniformemente.

É importante ressaltar as quizilas de Logun Edé, para que estas não sejam oferecidas ao Orixá; as principais são: bode, cabrito, galo, manga e mel.

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Dona Lúcia, nascida em uma cidade do interior, é uma devota apaixonada que escreve sobre santos e orações. Sua fé inabalável e sabedoria acumulada ao longo dos anos inspiram aqueles que buscam conforto e orientação espiritual em suas palavras.

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